Após a morte de uma mulher curda, 22 anos, presa pela “polícia da moralidade” por não usar um hijab adequadamente no início deste mês no Irã, protestos contra o governo deixaram mais de 40 mortos em dezenas de cidades. Até o último sábado (24), pelo menos 41 pessoas morreram e mais de 1.200 foram presas.
A agitação ocorreu após a morte de Mahsa Amini, que teria entrado em coma sob custódia policial após sua prisão por não seguir os rígidos códigos de vestimenta conservadores do país. Ela foi interrogada no centro de detenção de Vozara, onde teria sofrido pancadas na cabeça durante o interrogatório. As autoridades afirmam que ela morreu de causas naturais, mas os críticos não acreditam.
A ONU relata que a morte da jovem ocorre no momento em que a polícia da moralidade expandiu as patrulhas nas ruas nos últimos meses, “submetendo mulheres que estavam usando ‘hijab solto’ a assédio verbal e físico e prisão”. O Escritório de Direitos Humanos da ONU recebeu vários vídeos de tratamentos violentos contra mulheres. Em protesto, mulheres em todo o mundo queimaram lenços de cabeça e cortaram os cabelos.
O presidente do Irã, Ebrahim Raisi, classificou a agitação de “um motim”. Ele discursou na Assembleia Geral da ONU na semana passada e disse que o governo “lidaria decisivamente com aqueles que se opusessem à segurança e tranquilidade do país”. O chefe de polícia do Irã, Hossein Ashtari, também alertou os manifestantes e disse à televisão estatal que as pessoas “envolvidas, com base em diretrizes de fora do país, seriam tratadas com força”.
A polícia de moralidade da República Islâmica, conhecida como Gasht-e Ershad ou “Patrulha de Orientação”, faz parte da aplicação da lei do país e impõe o respeito pela moral islâmica, conforme descrito pelas autoridades clericais. A Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA, órgão bipartidário encarregado de aconselhar o governo federal e o Congresso dos EUA sobre questões de liberdade religiosa, condenou a morte de Amini e o uso da força contra os manifestantes.
A USCIRF observou que o governo do Irã determinou que as mulheres usem um hijab desde 1979, citando sua interpretação de concepções religiosas de modéstia como base para forçar legalmente as mulheres a cobrirem seus cabelos em público. Segundo a Portas Abertas dos EUA, o país é o 9º na Lista Mundial da Perseguição 2022.
Com informações: The Christian Post (26.09.22)