Após a derrubada de Roe v. Wade pela Suprema Corte dos EUA no verão passado, vários estados articularam para proibir ou restringir o aborto. Com isso, surgiram diversos processos com a alegação de que essas restrições estaduais ao aborto violam a liberdade religiosa e promovem uma definição cristã de vida, e que o direito à pratica da fé não justifica “violações dos direitos humanos”.
De acordo com o Christian Post, alguns processos alegam que essas leis promovem uma visão sectária de onde a vida começa. No entanto, defensores pró-vida ateus tem se manifestado em oposição à esses processos.
Monica Snyder, diretora executiva da Secular Pro-Life, uma organização composta por ateus e agnósticos, afirmou esta semana ao Christian Post, que o entendimento de que um zigoto é o primeiro estágio da vida dos organismos humanos “não é uma crença religiosa”, e sim “um fato biológico”, disse ela.
“Você não precisa ser religioso para reconhecer fatos biológicos e não precisa ser religioso para acreditar que todos os seres humanos são moralmente valiosos”, completou Snyder.
Veja abaixo alguns processos que foram listados pelo Christian Post:
– Em Indiana, cinco mulheres e a organização Hoosier Jews for Choice argumentam que a decisão do estado aprovada em agosto, proibindo quase todos os abortos, viola a Lei de Restauração da Liberdade Religiosa Indiana de 2015, assinada pelo ex-vice-presidente Mike Pence quando era governador do estado. Em dezembro, um juiz emitiu uma liminar contra a lei, declarando que ela “sobrecarrega substancialmente” o exercício religioso.
-Em outro processo em Kentucky, três mulheres judias alegam que a proibição do aborto no estado viola sua liberdade religiosa, e que a legislatura “impôs a teologia sectária”. A partir de 26 de outubro, a reclamação foi removida no tribunal federal enquanto a Suprema Corte de Kentucky considera outros processos que contestam a proibição.
– De acordo com o Brennan Center for Center Justice , 34 processos foram movidos contra a proibição do aborto em 19 estados, com 31 pendentes em julgamento ou apelação.
– A enfermeira judia Cara Berg Raunick argumenta que os legisladores de Indiana estão impondo uma “definição cristã” de vida a ela, afirmando que ela começa na concepção.
Na última sexta-feira (6), Kelsey Hazzard, uma advogada ateia e fundadora do Secular Pro-Life, também falou sobre o assunto.
“A liberdade religiosa tem seus limites, e a morte de uma criança está além desse limite”, escreveu ela. “O sistema jurídico americano encontrou uma questão análoga: as Testemunhas de Jeová podem condenar seus filhos e filhas clinicamente frágeis à morte porque acreditam que as transfusões de sangue são pecaminosas?”
“Ninguém duvida da sinceridade dessa crença religiosa, mas a resposta é não: o direito da criança à vida tem precedência. Da mesma forma, o direito à vida deve ter precedência sobre as crenças religiosas e não científicas sobre a ressurreição no nascimento”, declarou Hazzard.
“A liberdade de religião é importante, mas não justifica as violações dos direitos humanos. O aborto viola os direitos humanos ao matar seres humanos. A liberdade de religião não justifica isso”, afirmou a diretora executiva da Secular Pro-Life.
Com informações The Christian Post