Durante uma conversa sobre Inteligência Artificial (IA) e “o futuro da humanidade” com o jornalista Pedro Pinto no mês passado em Lisboa, Portugal, o autor, professor e conselheiro do influente Fórum Econômico Mundial, Yuval Noah Harari, comparou o aumento do poder dos computadores com IA com outras invenções que alteram a história, como a imprensa. Ele acredita que a IA não está apenas prestes a criar um novo texto religioso.
O futurista israelense explicou que ao contrário da imprensa ou de sua Bíblia de Gutenberg, a IA tem o potencial de criar ideias totalmente novas, distintas do desenvolvimento humano anterior. Segundo ele, ao longo da história, as religiões sonharam em ter um livro escrito por uma inteligência sobre-humana, por uma entidade não-humana. Ele completou que “toda religião reivindica … todos os outros livros das outras religiões, eles, humanos, os escreveram”.
Harari então sugeriu que, apesar das três religiões abraâmicas do mundo compreenderem mais de 3,8 bilhões de pessoas globalmente, a IA pode finalmente oferecer o que ele afirma ser uma religião “correta” para as massas. Harari, que é autor do best-seller de Sapiens: Uma Breve História da Humanidade (2014) e Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã (2016), disse que a Bíblia é um livro de “mitos” e “apenas histórias”.
Em uma coluna para o The Guardian em outubro passado, Harari apontou como as crianças em Israel ouvem sobre os relatos bíblicos do Jardim do Éden e da Arca de Noé muito antes de aprenderem sobre os neandertais ou pinturas rupestres. Ele também descreveu os cristãos como tendo “se trancado dentro de uma bolha mitológica auto-reforçada, nunca ousando questionar a veracidade factual da Bíblia”.
E embora os comentários de Harari sobre a criação de uma nova Bíblia pela IA provavelmente perturbem os cristãos, ele não é o primeiro a sugerir que a IA poderia inaugurar um novo tipo de religião.
Com informações: The Christian Post (15.06.23)