Mais de 100 mil pessoas estão confinadas nos centros de fraude online de Mianmar, em um regime praticamente de escravidão. Este cálculo é da Organização das Nações Unidas (ONU). Uma equipe investigativa da emissora alemã DW encontrou-se com diversos sobreviventes de uma dessas “fábricas”, o KK Park, que descreveram vigilância rigorosa, tortura e até assassinatos.

Segundo relatos, os jovens trabalhavam 17 horas por dia, sem direito à reclamações, nem descansos semanais ou feriados. Se eles dissessem que queriam ir embora, eles eram ameaçados de serem vendidos, ou assassinados. Chegando ao destino, eles recebem instruções sobre como praticar os golpes, como por exemplo, convencer clientes a investirem em criptomoedas. Estes pensavam ter depositado suas economias em investimentos lucrativos, mas ao invés disso o dinheiro entrava numa conta controlada pelos criminosos.

Esse tipo de golpe online é apelidado pig butchering (abate de porcos): os trapaceiros engordam suas vítimas e, em seguida, as levam para o matadouro. Os manuais distribuídos à chegada no centro descreviam em detalhes como estabelecer confiança e se aproveitar dos pontos fracos dos alvos. Os jovens que não alcançavam suas metas eram punidos.

No último domingo (9), dois brasileiros escaparam ao lado de dezenas de outros imigrantes explorados. Segundo fontes, a operação foi viabilizada com a ajuda da ONG internacional “The Exodus Road“.

Os jovens Luckas Viana dos Santos, 31, e Phelipe de Moura Ferreira, 26, foram atraídos por promessas falsas de emprego e terminaram vítimas de tráfico humano. Após negociações com autoridades locais, eles conseguiram transferência para a Tailândia e de lá, eles deverão ser repatriados ao Brasil.

A DW alterou o nome das vítimas do KK Park por razões de segurança.

 

Com informações: G1

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