Desde o golpe militar em 2021, mais de três mil pessoas foram mortas e 20 mil foram presas, segundo a Associação de Assistência a Prisioneiros Políticos de Mianmar. O país, que está em crise há mais de dois anos, se tornou um ambiente ainda mais hostil para os cristãos.

Em menos de quatro meses, um pastor foi submetido a prisão, igrejas foram invadidas e cristãos assediados. O motivo? Eles foram acusados pelo governo de “incitação ao terrorismo” e “associação ilegal”.

Cercados

Outras medidas foram tomadas pelas autoridades na última semana para restringir os direitos dos cristãos em Mianmar. No estado de Chin, as igrejas estão sendo obrigadas a apresentar relatórios dos cultos e a lista dos participantes de cada reunião de adoração.

O pastor Hkalam Samson, de 65 anos, foi preso no dia 4 de dezembro de 2022, sob denúncias de reunir-se ilegalmente com outros cristãos e de incitar ações terroristas. Ele estava embarcando para a Tailândia, onde faz tratamentos médicos, quando as autoridades o prenderam.

A esposa dele, Zhon, está preocupada já que se passaram meses e a família está proibida de visitá-lo ou levar comida e remédios. Além das primeiras denúncias, na última semana ele recebeu uma terceira acusação.

Lei Marcial

Faz menos de um mês que a Lei Marcial foi imposta em 37 cidades. Nessas cidades, cristãos precisam se inscrever com uma semana de antecedência para obterem autorização e participarem dos cultos. A prorrogação do estado de emergência torna mais difícil identificar violações de direitos humanos como essa.
Um cristão local também testemunhou: “Apesar de termos obtido autorização para realizar dos cultos, aeronaves militares sobrevoaram a igreja a poucos metros de distância durante todo o culto. O pastor não se abalou e continuou pregando normalmente. Se não tivéssemos permissão, eles teriam atirado e bombardeado nossa igreja”.

O assédio ao pastor e às igrejas locais são exemplos da oposição que os cristãos estão enfrentando em Mianmar. “Esses incidentes marcam um novo e preocupante nível de restrições para os cristãos em Mianmar”, disse um analista de perseguição da Portas Abertas.

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