Na manhã da última sexta-feira (9), mais de 300 pessoas lotaram a igreja de St. Paul em Fuert, na Alemanha, para assistir um culto luterano experimental quase que inteiramente gerado por uma inteligência artificial.

O teólogo e filósofo da Universidade de Viena, Jonas Simmerlein, acompanhou o serviço feito 98% pelo ChatGPT, que resultou em culto de 40 minutos, incluindo o sermão, orações e música. Todo o serviço foi “liderado” por quatro avatares diferentes na tela acima do altar, duas moças e dois rapazes.

“Queridos amigos, é uma honra para mim estar aqui e pregar para vocês como a primeira inteligência artificial na convenção dos protestantes na Alemanha deste ano”, iniciou um dos avatares.

O culto fez parte da programação bianual da convenção protestante Deutscher Evangelischer Kirchentag. Simmerlein contou ao AP News, que pediu à inteligência artificial, que desenvolvesse o sermão utilizando o tema do evento que era “Agora é a hora”. Além disso, ele pediu a inclusão de salmos, orações e uma bênção no final.

“Eu disse à inteligência artificial ‘Estamos no congresso da igreja, você é um pregador… como seria um culto na igreja?’”, disse Simmerlein, que pareceu surpreso com o sucesso de seu experimento, ao afirmar: “Você acaba tendo um serviço religioso bastante sólido”.

Segundo a AP News, a inteligência artificial obteve a atenta atenção do público, enquanto pregava sobre deixar o passado para trás, focar nos desafios do presente, superar o medo da morte e nunca perder a confiança em Jesus Cristo.

No entanto, em alguns momentos, as falas do avatar provocavam risos, “como quando usava banalidades e dizia aos fiéis com uma expressão impassível que, para ‘manter nossa fé, devemos orar e ir à igreja regularmente’”, relata o AP News.

Existiram pessoas entusiasmadas, que gravavam parte do evento com seus celulares, e outras que observavam de forma mais crítica e se recusaram a falar em voz alta durante a Oração do Senhor.

“Não havia coração nem alma. Os avatares não demonstravam nenhuma emoção, não tinham linguagem corporal e falavam tão rápido e monótono que era muito difícil para mim me concentrar no que diziam”, afirmou Heiderose Schmidt, uma mulher de 54 anos que trabalha em TI, disse que ficou animada e curiosa quando o serviço começou, mas achou cada vez mais desconcertante à medida que avançava.

Anna Puzio, uma jovem pesquisadora em ética da tecnologia pela Universidade de Twente, na Holanda, também compareceu ao culto experimental e opinou ver o uso da IA ​​na religião, como uma oportunidade de “tornar os serviços religiosos mais facilmente disponíveis e inclusivos para os crentes que, por vários motivos, podem não conseguir vivenciar sua fé pessoalmente com outras pessoas em locais de culto”, relatou.

No entanto, Anna também destaca a existência de perigos do uso de IA na religião.

“O desafio que vejo é que a IA é muito parecida com a humana e é fácil ser enganado por ela. Além disso, não temos apenas uma opinião cristã, e é isso que a IA também deve representar. Temos que ter cuidado para que não seja mal utilizado para fins de espalhar apenas uma opinião”, disse ela.

Simmerlein defende que a intenção não é substituir líderes religiosos por inteligência artificial, mas sim ajudá-los em seu trabalho diário em suas congregações.

A próxima edição do Jornal Mensageiro da Paz, número 1658 – mês de julho de 2023, abordará em sua matéria principal as preocupações éticas, os riscos e os benefícios que a ferramenta pode trazer ao mundo. O artigo também trará os limites da relação entre o cristão e a inteligência artificial, enfatizando a capacidade criativa do ser humano, herdada de Deus. Do qual, fomos criados à imagem e semelhança.

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Com informações AP News

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