O Ramadã, mês de jejum islâmico, inicia nesta quarta-feira (22). Neste período de 30 dias, todos os muçulmanos, sejam crianças ou idosos, guardam o jejum.
Este mês costuma ser muito difícil para os cristãos de origem muçulmana, pois ficam em destaque e são ainda mais julgados por não seguirem as leis islâmicas.
A Portas Abertas compartilhou o testemunho de um menino cristão de sete anos, Zahid*, que vive em um país de maioria muçulmana na Ásia Central e foi impactado pelo Ramadã.
Após a separação de seus pais, o menino passou a morar com a mãe, que é cristã. O pai de Zahid é muçulmano e considera o filho muçulmano também, exigindo que ele obedeça a sharia. Com isso, o menino é obrigado a manter sua fé em Cristo em segredo.
“Eu moro com minha mamãe. Ela disse que não é seguro contar para outras pessoas que sou cristão. Eu preciso fingir que sou muçulmano. Eu não entendo, mas sei que a mamãe quer o meu bem”, conta Zahid.
Para o menino, “a época do Ramadã é a mais difícil”. Apesar de nem todas as crianças jejuarem, pois alguns pais optam por esperar os filhos crescerem para impor o jejum, isso as expõem à discriminação e bullying na escola.
Zahid afirma ter medo de que colegas o chamem de nomes feios. “Não quero passar vergonha na frente dos meus amigos na escola”, diz ele.
Como forma de garantir que Zahid cumprisse o jejum do Ramadã, seu pai combinou com ele que cada dia de jejum seria recompensando com dinheiro. O menino se empolgou com a proposta e parou de comer e beber água durante o Ramadã.
Quando não conseguia suportar a fome, o menino se escondia para comer pequenos lanches que sua mãe colocava na mochila, ou bebia água da torneira do banheiro. “Eu só podia comer no banheiro. Ali era tão sujo, mas eu não tinha outra escolha”, contou a criança que chegou a parar no hospital, com caso grave de desidratação.
A água do banheiro lhe fazia mal, mas segundo ele, preferia a náusea a ser perseguido na sala de aula.
“Queria parar de me esconder, de fingir. Não gosto do mês do jejum. Sou muçulmano apenas no papel, mas nunca serei muçulmano de verdade. Às vezes fico pensando se existem outras crianças como eu. Espero que elas sejam fortes e continuem acreditando em Jesus, como eu”, conclui Zahid.
*Nome alterado por segurança
Com informações Portas Abertas