O Afeganistão, como vimos, está agora de volta às mãos dos soldados do Talibã. Pouco tempo depois de o presidente Joe Biden dizer em coletiva, com toda segurança do mundo, que não havia risco de isso acontecer, que estava tudo seguro, Cabul foi tomada. O presidente afegão, Ashraf Ghani, fugiu do país. O palácio presidencial foi ocupado pelo Talibã, que retorna mais forte do que nunca. E o governo de Biden ainda deixou pelo caminho cidadãos norte-americanos e tradutores afegãos, que estão desesperados para deixar o país. Ainda estão tentando tirá-los de lá. A embaixada dos EUA em Cabul, a esta altura do campeonato, ainda está sendo evacuada. Todos devem ter visto já as imagens do aeroporto de Cabul tomado por milhares de pessoas tentando fugir do país. Havia até pessoas se agarrando nos aviões.

Para piorar, a China ofereceu ajuda aos talibãs no Afeganistão e foi o primeiro a declarar apoio total ao novo regime (Nenhuma novidade: o Partido Comunista Chinês já apoia Cuba, Venezuela, Coreia do Norte etc). Há notícias de que já há gente sendo decapitada nas ruas do Afeganistão pelo Talibã. Um cheiro semelhante ao da “Queda de Saigon” em 1975 se espalha pelo ar. Cerca de 5 mil soldados norte-americanos foram redistribuídos de última hora para tentar garantir uma evacuação segura dos norte-americanos que ainda precisam sair do país. E enquanto tudo isso acontece, onde está Biden? Onde ele está? Desapareceu. O Afeganistão entrou em colapso e ele… Puf! Sumiu. Só quem fala são seus secretários e assessores.

Para “coroar” a situação, a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, decidiu tirar férias. Convenientemente, quando é bombardeada por e-mails e ligações dos jornalistas de todo o mundo, ela estará, de 15 a 22 de agosto, “fora de área de cobertura ou temporariamente desligada”. Uma crise dessas e Psaki também desapareceu. E no dia que Cabul caía, Kamala Harris tuitava sobre vacinação. Eis os EUA hoje!

Na crise da fronteira sul dos EUA, onde Trump queria construir um muro e não deixaram, agora está entrando gente a rodo e já falam em construir o antes tão indesejado muro. A criminalidade explodiu no país neste ano. E agora esse fiasco.

O fiasco da política externa do governo Biden é mais do que previsível. Um levantamento sobre as análises de Joe Biden sobre política externa nos últimos 25 anos mostra que o atual mandatário da Casa Branca errou em todas as suas previsões nessa área. Pior foi ver Antony Blinken, o secretário de Estado, dizendo na CNN que a culpa foi do plano de Trump de retirada do Afeganistão. Ora, Trump, que não é bobo, já havia rebatido isso ontem ainda, denunciando que o governo Biden desprezou seu plano de retirada e implantou um outro no lugar, imprudente, cujos frutos se mostram agora. O plano original de Trump, passado a Biden na transição, era de saída gradual condicionada ao fortalecimento do governo local através de medidas que foram sugeridas pelo governo Trump, justamente para evitar a volta do Talibã. O governo Biden ignorou essas medidas. Fez o exato oposto. Agora, que o desastre aconteceu, Blinken ficou repetindo que o plano de Trump era de saída gradual a partir de 1 de maio de 2021, omitindo as demais medidas concomitantes que foram ignoradas. Nem o jornalista liberal Jake Tapper, da CNN, que entrevistava Blinken, caiu nessa. Ele ainda lembrou Blinken que o prazo passou, as tropas ainda estavam no local e que a saída agora estava sendo feita de forma “apressada e inepta”. Há uma diferença entre autorizar retirada e fazê-la de forma apropriada.

Tapper ainda leu a crítica do ex-embaixador de Obama no Afeganistão, Ryan Crocker, que chamou a maneira como o governo Biden estava agindo no país como “uma transferência para o Talibã”. Disse mais Crocker: “Fico com sérias dúvidas em minha mente sobre a capacidade de Biden de liderar nossa nação como comandante-em-chefe. Ter visto isso de forma tão errada ou, pior ainda, ter entendido o que provavelmente aconteceria e não se importar!”.

Então, Tapper perguntou a Blinken: “O presidente Biden não carrega a culpa por essa saída desastrosa do Afeganistão?”. Após Blinken tergiversar, Tapper insistiu: “Você sempre muda de assunto, para se devemos ou não estar lá para sempre, e eu não estou falando sobre isso. Estou falando sobre se essa saída foi feita de maneira adequada ou não, retirando todos os militares antes que os americanos e os tradutores afegãos pudessem sair”. Blinken respondeu dizendo apenas que a prioridade do governo agora era evacuar com segurança todos os americanos e aqueles que ajudaram os militares, então Trapper lembrou que o governo Biden teve meses para fazer isso e a coisa está acontecendo agora em meio ao caos, com muitos nem mesmo sendo capazes de chegar a Cabul. E terminou comparando a situação à Queda de Saigon.

Nem a mídia liberal está engolindo as desculpas.

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Silas Daniel

Silas Daniel é pastor, jornalista, chefe de Jornalismo da CPAD e escritor. Autor dos livros “Reflexão sobre a alma e o tempo”, “Habacuque – a vitória da fé em meio ao caos”, “História da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil”, “Como vencer a frustração espiritual” e “A Sedução das Novas Teologias”, todos títulos da CPAD, tendo este último conquistado o Prêmio Areté da Associação de Editores Cristãos (Asec) como Melhor Obra de Apologética Cristã no Brasil em 2008.

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