João, o batista, afirma que Cristo batizaria “com o Espírito Santo e fogo” (Mt 3.11; Lc 3.16). Quanto a essa afirmação alguns avaliam que Jesus batiza os crentes com o Espírito Santo e os ímpios com o fogo da condenação. Desse modo, ensinam a existência de dois tipos de batismos, isto é, um com o Espírito Santo e outro com fogo.

Sabemos que o fogo é símbolo de juízo: “porque eis que aquele dia vem ardendo como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem impiedade, serão como a palha” (Ml 4.1b). Porém, esse sentido não pode ser aplicado nas palavras de João Batista.

Um detalhe importante para a correta interpretação é prestar atenção no emprego da preposição grega “en” (“com”) que não é repetida antes de fogo em nenhum dos textos gregos: “com o Espírito Santo e fogo” (Mt 3.11; Lc 3.16). Uma única preposição “com” governa o “Espírito Santo” e o “fogo”, e isso sinaliza um conceito unificado, isto é, Espírito e fogo simultaneamente (FRIBERG, 1987, p. 7 e 184).

Apesar desse fato ser incontestável, o ensino é deturpado em alguns círculos não-pentecostais, e até mesmo entre segmentos identificados como Pentecostais. Contudo, a expressão “batismo com o Espírito Santo e fogo” faz alusão a uma única experiência e está intrinsicamente ligada ao evento de Pentecostes, conforme registrado em Atos 2.1-4.

Nessa perspectiva, Henry (2008, vol. 2, p. 13) assegura que “o sinal dado foi fogo para que a predição de João Batista relativa a Jesus se cumprisse […], ou seja, com o Espírito Santo como com fogo […] Este fogo apareceu na forma de línguas repartidas”.

Ratifica-se então que a expressão “batismo no Espírito Santo e fogo” é uma clara referência as “línguas como que de fogo” (At 2.3) que veio sobre os discípulos no Cenáculo no dia de Pentecostes. Biblicamente, refere-se a uma mesma experiência e não se trata de dois tipos de batismos.

Pense Nisso!

Douglas Roberto de Almeida Baptista

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Pr. Douglas Baptista

Douglas Baptista é pastor, líder da Assembleia de Deus de Missão do Distrito Federal, doutor em Teologia Sistemática, mestre em Teologia do Novo Testamento, pós-graduado em Docência do Ensino Superior e Bibliologia, e licenciado em Educação Religiosa e Filosofia; presidente da Sociedade Brasileira de Teologia Cristã Evangélica, do Conselho de Educação e Cultura da CGADB e da Ordem dos Capelães Evangélicos do Brasil; e segundo-vice-presidente da Convenção dos Ministros Evangélicos das ADs de Brasília e Goiás, além de diretor geral do Instituto Brasileiro de Teologia e Ciências Humanas.

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