Durante a terceira Cúpula Internacional de Liberdade Religiosa anual, realizada nas últimas terça (31) e quarta-feira (1), diversos ativistas da liberdade religiosa, autoridades eleitas e sobreviventes de perseguição religiosa de todo o mundo, compartilharam suas histórias afim de delinear ações necessárias para promover a liberdade religiosa em cada país.

Na ocasião, dois uigures que fugiram da China também detalharam as experiências de seus familiares em campos de concentração chineses, e pediram que o governo dos Estados Unidos providencie mais rigorosas contra o Partido Comunista.

Os uigures são um povo, predominantemente muçulmano, de origem turcomena e que reside principalmente na província de Xinjiang, no extremo oeste da China. A reunião discutiu sobre a situação desse grupo, que tem sido alvo de severa perseguição pelo Partido Comunista Chinês, que trata o grupo étnico como inferior ao dominante chinês Han.

Os dois uigures que participaram da recente conferência, moram atualmente nos EUA e compartilharam ao The Christian Post sobre as centenas de uigures que foram submetidos a trabalhos forçados e tortura nos campos de concentração para que jurassem lealdade ao Partido Comunista Chinês.

Jewher Ilham trabalha no Worker Rights Consortium, uma “organização investigativa independente de monitoramento de direitos trabalhistas sem fins lucrativos”, e afirmou que a última notícia que teve de seu pai faz seis anos, e ele estava detido na Primeira Prisão de Urumchi.

A prisão de seu pai aconteceu em 2013, quando ele estava programado para lecionar na Universidade de Indiana nos Estados Unidos, e as autoridades chinesas o impediram de embarcar para os EUA, onde Iham foi aceita como refugiada.

“Nos primeiros meses, quando ele foi preso, descobrimos que lhe negaram comida duas vezes, cada vez por 10 dias. E então ele perdeu mais de 18 quilos em poucos meses e todo o seu cabelo ficou grisalho. Quando ele foi o primeiro preso e detido, ele foi preso com muitos criminosos” e “espancado dentro da cela da prisão”, relatou Ilham.

Segundo um ex-presidiário que estava na mesma prisão que o pai de Ilham, ele “ensinava dentro da prisão e tinha a tarefa de julgar a qualidade das esquetes ou peças encenadas por grupos de presos para determinar qual delas elogiava mais efetivamente o governo chinês”. No quarto, uma tv com 24h de propraganda de “como a China é ótima, como [o] Partido Comunista é ótimo”, contou.

Para Ilham, o Partido Comunista Chinês está fazendo retaliação ao seu pai, por “suas críticas sobre as práticas do governo chinês na região uigure”, que chega a ser configurado, por diversos grupos de direitos humanos, como genocídio.

Kazzat Altay também teve o pai detido após criticar o governo chinês, e mora nos EUA há quase 20 anos, após ter fugido do “assédio da inteligência chinesa”.

Altay participou da Cúpula da IRF deste ano para “falar sobre os uigures e o que eles são está sofrendo”, disse ao The Christian Post.

Em uma mensagem pelo WeChat, em 2018, seu pai enviou: “filho, eles estão me levando”. “Depois de alguns meses, descobri que ele estava em um campo de concentração… como a China não me deu nenhuma informação sobre meu pai, pensei que ele estava morto”, relata Altay.

Atualmente em prisão domiciliar, o pai de Altay é visitado diariamente pelas autoridades chinesas, com o objetivo de garantir que ele não saia de casa sem permissão. Recentemente, Altay recebeu a seguinte informação de seu irmã, sobre seu pai:

“Ele está bem, mas infelizmente, enquanto estava no acampamento, eles quebraram sua perna e ele está sofrendo por causa disso. Ele não consegue andar direito. Fora isso, acho que também estou feliz por ele não ter sido morto como muitos outros. . Muitos uigures, muitos de meus colegas, meus amigos, seus pais ainda estão desaparecidos, então pelo menos sei que ele está em casa agora”.

Esforços dos EUA pelo povo Uigure

Em 23 de dezembro de 2021, o presidente dos EUA, Joe Biden, sancionou a Lei Uigur de Prevenção ao Trabalho Forçado. Jewher Ilham elogiou a lei, e a considera um grande sucesso no combate à dependência do trabalho escravo uigur.

Para Ilham, esta é mais uma das “várias tentativas do governo dos EUA de ajudar o povo uigure e impedir o governo chinês de continuar perseguindo esses grupos étnicos.”

“Também existe a Lei Uigur de Política de Direitos Humanos que foi aprovada antes da Lei Uigur de Prevenção ao Trabalho Forçado”, acrescentou.

Apesar de também expressar gratidão pelos esforços do Congresso e da Casa Branca, Altay ressalta que o governo Biden pode fazer mais.

“Não acho que o presidente Biden esteja fazendo o suficiente. Ele não é duro com a China. Acho que está sendo brando”, afirmou Altay. “É só… eu acredito que ele está hesitante em irritar a China”, disse.

“Precisamos [diversificar] nossa cadeia de suprimentos fora da China porque nossa dependência também está se tornando [uma] questão de segurança nacional para os Estados Unidos”, ressaltou Altay, ao defender que é necessário a aprovação de “mais projetos de lei para garantir que fazer negócios com a China não seja fácil.

 

Com informações Christian Post

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